Páginas

terça-feira, 20 de setembro de 2011

sábado, 17 de setembro de 2011

Análise musical de "O mérito e o Monstro"

Parte I: A letra
O Mérito E O Monstro
(O Teatro Mágico)


O metrô parou
O metro aumentou
Tenho medo de termômetro

Tenho medo de altura
Tenho altura de um metro e tanto
Me mato pra não morrer

Minha condição, minha condução
Meu minuto de silêncio
Os meus minutos mal somados
Sadomasoquismo são

Meu trabalho mais que forçado
Morrendo comigo na mão

A maioria das pessoas passa de oito a doze horas por dia
fazendo coisas que não fazem sentido na vida delas
PERMITA-SE! PERMITA-SE!

Pra dilatarmos a alma
Temos que nos desfazer
Pra nos tornarmos imortais
A gente tem que aprender a morrer
Com tudo aquilo que fomos
E tudo aquilo que somos nós

Parte II: A música



Parte III: A anánise

Com apenas quatro anos de formação, a trupe do Teatro Mágico surge afim de dar vida à poesia, encantando crianças, jovens e adultos de todo o país. No ano de 2008, lança seu segundo álbum: o "2º Ato", com mais "amadurescência" e mais consciência da sociedade que a rodeia. Um belo exemplo dessa nova postura tomada pela trupe é a música "O mérito e o monstro", a qual me ocuparei em analisar neste instante.
Segundo o Dicionário Brasileiro Globo, mérito é: s.m. Merecimento; superioridade; aptidão; valor; capacidade;(Do lat. meritu), e monstro é: s. m. Produção, animal ou vegetal, que aberra da ordem da natureza; ser fantástico, criado pela mitologia ou pela lenda; figura colossal; animal de grandeza desmedida; assombro; prodígio; (fig.) pessoa desnaturada, cruel; adj. (bras.) muito grande; (do lat. monstru).
Em grandes capitais como São Paulo o metrô é um transporte público muito comum, e assim como estar no meio de qualquer aglomeração de pessoas, fazer o mesmo trajeto para trabalhar todos os dias é uma tarefa quase que insuportável. No início da música, o autor diz que o "metrô parou, o metro aumentou", ou seja, enquanto o metrô está em movimento tudo parece muito rápido e pequeno, todavia, ao parar, tudo ao seu redor parece maior. E a partir daí vai fazendo um jogo de palavras, uma aliteração, para enfatizar a situação daquele ser que mecaniza o trabalho, pois vê nele a sua única chance de sobrevivência. "Me mato pra não morrer", é o que diz o autor, referindo-se ao esforço feito por cada um de nós para manter-se vivo dentro da sociedade capitalista. E volta a declarar sua situação ao dizer "minha condição, minha condução", porque ele necessita daquele meio de transporte para construir sua dignidade. No momento em que o metrô pára, na mente do autor faz-se um silêncio, silêncio este até mesmo sepulcral, pois diz "meu minuto de silêncio, meus minutos mal somados sadomasoquismo são". É como se o ditado 'tempo é dinheiro' deixasse de ser apenas uma metáfora e viesse drasticamente para a vida real onde cada minuto perdido (ou mal somado, segundo o autor) fosse sadomasoquismo, como se ele gostasse de sofrer para ter alguns momentos de paz, longe de sua jornada de trabalho retratada em "meu trabalho mais que forçado". E persiste na dor da morte de seus sonhos por ter de se sustentar fazendo o que não lhe agrada. Sendo usado como uma marionete nas mãos desse sistema cruel, os seus sonhos morrem, pois assim o diz "morrendo comigo na mão".
E finaliza com um breve poema de uma significância colossal, que diz: "Pra dilatarmos a alma, temos que nos desfazer. Pra nos tornarmos imortais, a gente tem que aprender a morrer, com aquilo que fomos e com aquilo que somos nós", ou seja, temos que desfazer-nos de nossa vã filosofia egoísta e nos doar a cada dia pois só assim, pouco a pouco, aprenderemos a morrer e deixaremos nosso legado neste pequeno espaço de tempo chamado vida.



Amorosamente,
Sara Pautz.